sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Segunda Estação

Resquícios da lama.
Essa segunda estadia foi curta, chuvosa e engraçada. Tudo deu certo dando errado, a começar pela saída de Ibitipoca. Numa "belesura" de estrada após 3 dias de chuva, o carro praticamente sendo molestado pela lama, nós ouvindo nossa musiquinha tranquilamente. A janela aberta pra sentir os últimos cheiros daquele mato, uma ponte lá vai um, um caminhão atravessando —fechar a janela, que nada! Toma-lhe lama na cara, nos bancos, no teto, nas janelas, nas malas e tudo mais. Sapurquê????


O objetivo inicial era conhecer apenas Tiradentes, mas não deu, a tentação foi grande quando soube dos diversos atrativos nos municípios vizinhos. No final das contas nos hospedamos em São João e visitamos o resto.


Tiradentes é uma gracinha!Super charme de cidade. Cidade histórica, movimentada, e que não perdeu os traços de interior. O lugar é o máximo, tem diversão pra todas as idades. Além de toda a parte histórica ela ainda fica perto da  Serra de São José onde acontecem passeios ecológicos e são praticados esportes de aventura. Infelizmente, nos dias em que estivemos por lá choveu muito, então não pudemos aproveitar o quanto gostaríamos, mas foi bom que ficamos com "gostinho de quero mais". Ah, ao iniciar a visita não deixe de passar na secretaria de cultura (fica na praça) e pegar um mapa com os principais pontos turísticos. No caminho para Vitoriano Veloso (Bichinho) tem um restaurante super famoso, o Pau de Angu, pra quem gosta de comida mineira é uma delícia.


Por que nos hospedamos em São João? Simples, é mais barato. Isso mesmo: São João fica a aproximadamente 10km de Tiradentes e pagamos 70 reais de diária, contra 130 em Tiradentes. Tudo bem que era um albergue, mas na boa, estava mais limpo e agradável que as pousadas de 130. Fica pertinho da saída da cidade, tem wireless, estacionamento, SKY, água filtrada, chuveiro quente e cama limpa.

Vila Hostel - São João Del Rey - http://www.vilahostel.com - http://www.albergues.com.br 


Diferente de Tiradentes, São João Del Rei tem cara de cidade grande, no entanto possui um acervo histórico e cultural muito rico também. Segundo a recepcionista do albergue alta temporada lá é Carnaval. Um passeio legal é ir de trem de São João à Tiradentes ou ao contrário. Essa Maria-Fumaça, se não me engano, é a unica em funcionamento no Brasil. Parece toda original, se vc olhar bem, os bancos de madeira estão até meio empenados. Ela é linda e está em ótimo estado de conservação.


Em São João, se for ficar por muito tempo e precisar lavar roupa, esqueça a Laundromat. Rodamos muito, perguntamos em tudo quanto era canto e só encontramos lavanderia dessas que lavam roupas finas. Perto da rodoviária até tinha uma que pegava roupas comuns, mas devido ao mau tempo só entregaria 4 dias depois.


Como já disse, as chuvas intensas atrapalharam um pouco nossos planos, mas rapidinho arrumamos outro: a rota do artesanato. É uma coisa de doido. Os móveis em madeira de demolição, as artes em ferro, as esculturas em papel marchê, as cerâmicas... As coisas têm um acabamento mais refinado, diferente dos artesanatos que estou acostumada a ver nas cidades litorâneas. Apesar disso com o tempo também fiquei enjoada de ver tanta coisa parecida. É bonito, mas tudo meio parecido. Se pretende ir para se esbaldar nas compras se liga:


-Em Santa Cruz de Minas vc encontra os fabricantes de arte em ferro e de móveis em madeira de demolição. 


-Bichinho, no distrito de Vitoriano Veloso, é o lugarejo mais famoso da rota do artesanato. Realmente lá estão os ateliês mais distintos, arte em cipó, madeira, ferro, tecido, materiais recicláveis, papel marchê, cerâmica e pedra sabão. Acontece que, devido ao grande estímulo turístico, qualquer janela vira vitrine e qualquer porta vira oficina. A galera está aproveitando a fama pra extravazar todo o seu potencial artístico. Então, não ligue se vc encontrar coisinhas meio mais ou menos, provavelmente é o trabalho de um artesão "em formação". Lá bem no centro do vilarejo tem um ateliê gastronômico very delicious, é o restaurante Tia Angela, que foi onde melhor comemos nessa segunda estação. Ah, não se admire se ver uma plaquinha escrito "Vende-se Adobe" no meio da pacatidão de Bichinho. Fiquei meio perplexa olhando aquilo e imaginando toda a coleção Adobe sendo vendida ali, Adobe Photoshop, Ilustrator, Flash, Premier... Santa ignorância! Adobe é um tijolo muito antigo e utilizado ainda hoje no local, é diferente pois não vai ao forno.


- Em Prados, acredito eu, que estejam os fabricantes que fornecem a matéria semi prima para a galera do Bichinho. Lá encontramos muitos materiais em madeira que são utilizados na produção dos quadros, os próprios quadros e esculturas prontas, só faltando pintar. Logo na entrada da cidade tem uma serralheria que também vale a visita, eles fazem de tudo. Uns banquinhos que eu vi aqui numa loja de decoração por 750 cada, lá estava por 140, o mesmO bancO. 


-Não fomos a Resende Costa, mas todo mundo diz que é O lugar para comprar coisas de pano. Cama, mesa, banho e bebê.


- Se não estiver a fim de andar por todas as cidadezinhas, Tiradentes tem um mix de artesanatos. De tudo um pouco. 


Fique atento ao trânsito nessas cidadezinhas, pois há um controle bem rigoroso. Levamos uma multa por ter estacionado no sentido contrário numa rua de mão dupla que não tinha quase ninguém às 21h.


As consequências de uma observação


Depois de algumas idas e vindas nesse trajeto São João-Tiradentes reparei que em certo ponto da estrada havia 4 construções, uma ao lado da outra, na seguinte sequência: Buteco com sinuca, boate, motel e O Legítimo Rocambole de Lagoa Dourada. Perdi a foto, escrevo aqui para ficar na memória. Como se já não bastasse a hilariedade da trinca, ainda tinha O Legítimo Rocambole pra aguçar a curiosidade. Fomos atrás da tal Lagoa Dourada, não iríamos comer ali o rocambole, afinal o legítimo, legítimo deveria estar em Lagoa Dourada. Cerca de 30km depois... A sina da trinca novamente: O Famoso Rocambole, O Legítimo Rocambole e O Tradicional Rocambole. E agora, Phillip José? Optamos pelo mais bonitinho, o Famoso. Claro que eles juraram de pés juntos que a receita deles é que era a original. Tá, prefiro o rocambole da minha avó, mas tinha outros quitutes gostosos também. E a propósito, o legítimo, tradicional, original Rocambole de Lagoa Dourada era aquele que estava lá pertinho de nós, em São João, O Legítimo Rocambole de Lagoa Dourada. Para completar o passeio, uma chuva torrencial na volta. Falei pra Phill parar o carro, num larguinho que tinha perto de um ponto de ônibus, não dava pra ver nada! —Beleza,  a chuva melhorou, já íamos saindo quando de repente surge um mendigo, desses cheios de roupa, com as calças abaixadas. Phill acelera rápido e vêm as crises de riso. Tudo deu certo dando errado.Foi divertido. 

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