domingo, 6 de março de 2016

Sobre o livre brincar e as interferências

Caderno no chão, Eric sentado no banquinho desenhando. 

Eu, concentrada em dobrar roupas, olho de rabo de olho e digo: - filho, senta no chão!

Ele não dá confiança.

- Eric, pega sua mesa na sala então, você está todo torto.

Insucesso, a criança continua concentrada na atividade.

Insisto: Ah, filho, tive uma ideia, por que você não usa o baú e desenha em cima dele?

Silêncio... Desisto.

De repente, um barulho. E lá estava ele, assim, exatamente como sugeri.


Lanço aquele olhar "Felícia", me controlando pra não morrer de amores, fotografo discretamente e observo. Foram cerca de três minutos de concentração. Ele na atividade e eu exclusivamente nele.

Nesse tempo, lembrei de quando era professora de crianças pequenas, do quanto observava esses momentos sagrados do livre brincar e como pensava antes de interferir em alguma cena.

O que mudou? Por que enquanto mãe sou tão ansiosa? No papel de professora era mais fácil saber o limite entre "o lançar do desafio" e a interferência viciada.

Crianças precisam de liberdade, desafios, experimentações. Se existem #diferentões genuínos neste mundo, são as crianças, que desafiam as leis da física para alcançar um papel, que fazem comidinhas deliciosas com qualquer coisa que se coloque num recipiente, que associam lé com cré, que encontram caminhos virgens para as coisas mais protocolares.

Enquanto mãe, o instinto protetor fica lá gritando, querendo chamar atenção. E se materializa nas interferências de todos os tipos.

- Oh, céus! Razão pra que te tenho.

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